sábado, 16 de maio de 2009
















A IMENSA ALEGRIA DA FÉ


Valter de Oliveira



A Igreja nos ensina que “Desejar a Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus” (1). (27). E se nascemos chamados “a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura Deus descobre certos “caminhos” de acesso ao conhecimento de Deus”. (31). (...) Estes caminhos para atingir Deus têm como ponto de partida a Criação: o mundo material e a pessoa humana. (32).

Mais adiante diz o Catecismo:

“A Santa Igreja, nossa Mãe, sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana, a partir das coisas criadas” (Conc.Vaticano I: DZ 3004). Sem esta capacidade o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade porque foi criado “à imagem de Deus” (36).

Em suma, podemos conhecer Deus de dois modos: por meio da razão e por meio da revelação.

A razão tem por finalidade a verdade. Ela é a luz natural que Deus deu ao nosso entendimento para conhecermos as coisas.

Será que podemos conhecer verdades religiosas com a simples força da razão natural, - isto é, sem intervenção especial de Deus? A doutrina católica responde afirmativamente. Com efeito, podemos conhecer que há um só Deus, que temos alma, que há uma outra vida depois da morte, etc. (cf. Dz. 1785, 1806, 2145, etc.).

Contudo, apesar disso, fomos todos afetados pelo pecado. “Nas condições históricas em que se encontra, o homem experimenta, (...) muitas dificuldades para chegar ao conhecimento de Deus só com as luzes da razão (37).

Assim sendo, por amor a nós, “para que o homem possa entrar na sua intimidade, Deus quis revelar-Se e dar-lhe a graça de poder receber essa revelação na fé”. (35). ‘Todos temos necessidade de sermos esclarecidos pela Revelação de Deus’. (38). E a Revelação do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó foi completada e teve sua plenitude com Nosso Senhor Jesus Cristo.

E se tivemos a Revelação não podemos conhecer nem amar, nem servir a Deus como Ele quer e manda, senão aceitando as verdades, preceitos e meios de santificação que Ele Se dignou comunicar-nos.

Outro procedimento significaria desprezo pelo que Deus disse, considerando-o inútil ou indiferente. É o erro de muitos em nossos dias. Erro de quem não percebe que Deus é “nosso Amo e Senhor, e criou-nos para seu serviço. Em conseqüência, temos obrigação de O honrar e servir na forma que Ele Se digne determinar” (2 Sala, p. )

Se Deus nos não tivesse feito nenhuma revelação, bastaria a Religião natural para nos salvarmos. “Desde o momento que Deus Se revela, não é lícito pensar que tanto faz uma religião como outra qualquer - indiferentismo religioso -, mas importa aceitar essa revelação divina, que constitui a única religião verdadeira”. (op.cit. p ) (O que não está em contradição com o que diz o Catecismo quando trata das outras religiões)

Nós católicos cremos não só na Revelação, mas cremos no conteúdo dela tal como foi transmitida e interpretada pela Santa Igreja.

“Graças ao sentido sobrenatural da fé, o conjunto do povo de Deus não cessa de acolher o dom da Revelação divina, de nele penetrar mais profundamente e de viver dele mais plenamente”. Cat.(99).

De momento não queremos discutir quais são as razões que temos para crer. Vamos nos ater a nosso objetivo principal. Mostrar que a Fé nos dá alegria. E para isso vamos citar uma passagem do livro “O Sal da Terra” na qual Peter Seewald pergunta ao cardeal Ratzinger:

“A verdade sobre o Homem e Deus parece ser muitas vezes triste e pesada. A fé, em si, só é suportável por naturezas mais fortes? Muitas vezes é tida como uma exigência demasiado grande. Como podemos alegrar-nos com a fé?”

"Eu diria, pelo contrário, que a fé dá alegria. Se Deus não está presente, o mundo desertifica-se e tudo se torna aborrecido, tudo é completamente insuficiente. Hoje se vê bem como um mundo sem Deus se desgasta cada vez mais, como se tornou um mundo sem nenhuma alegria. A grande alegria vem do fato de existir o grande amor, e é essa a afirmação essencial da fé. Você é alguém indefectivelmente amado. Foi por isso que o cristianismo encontrou sua primeira expansão, sobretudo entre os fracos e os que sofriam."

(...).

"Pode-se dizer que o elemento fundamental do cristianismo é a alegria, não me refiro à alegria no sentido de um divertimento qualquer, que pode ter o desespero como pano de fundo. Como sabemos muitas vezes o divertimento é a máscara do desespero. Mas eu me refiro à verdadeira alegria. “É uma alegria que coexiste com uma existência difícil e que torna possível que essa existência seja vivida.”"

“Viver sem fé significa que, primeiro, uma pessoa se encontra num estado niilista e que depois acabará por procurar pontos de apoio. A vida sem fé é complicada. Quando se considera a filosofia da incredulidade em Sartre, Camus e outros, vê-se claramente isso.”

...A fé também torna o homem leve. Constata-se bem isso nos Padres da Igreja, sobretudo na teologia monástica; crer significa que nos tornamos como anjos, dizem eles. Podemos voar, porque já não temos de suportar nosso peso. “Tornar-se crente significa tornar-se leve, libertar-se da força da gravidade, que também nos puxa para baiso, e entrar desse modo, no flutuar da fé.”

Tornar-se leve, libertar-se, flutuar na fé... Conhecer, amar, servir a Deus e encontrá-Lo... Não é tudo uma imensa alegria?





Notas:

1. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Gráfica de Coimbra, 1993. Os números entre parênteses no texto referem-se aos números no Catecismo e não a páginas.

2. CURSO DE TEOLOGIA DOGMÁTICA – Sala/Monroy.

3. RATZINGER, Joseph Cardeal. O Sal da Terra, O Cristianismo e a Igreja Católica no limiar do terceiro milênio.Imago, Rio de Janeiro, p.23-25.

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